Blog da Biblioteca do IES de Curtis

18/6/10


E como em todo contexto social no qual as soluções não são apresentadas por quem tem o dever, elas emanaram da organização daqueles que viram no problema a possibilidade de ganhos com sua resolução prática, mesmo que ao custo do regresso moral: surgia a máphia, que se autografava com ph “[...] para nos distinguirmos da outra, da clássica [...]”, e gerenciava o serviço de fazer morrer fora das fronteiras da nação, já que, benção ou maldição, o evento sobrenatural só se dava dentro dos limites geográficos do país. (Cf. p. 50). Da pressão exercida pelas nações limítrofes, insatisfeitas com o uso arbitrário que se fazia do seu território como sepulturas, unida à demagogia dos estadistas que prometeram aos governos vizinhos resolver a questão, mas não cogitavam tomar qualquer medida antipopular, ganhavam força as ações “maphiosas” que se fundamentavam em um acordo secreto com os dirigentes locais que as fingiam combater, livrando-se, perante os vizinhos, da acusação de culpa sobre o que continuava a ocorrer.
Enquanto no mundo dos vivos os vícios das relações humanas emergiam com força proporcional à gravidade do problema vivenciado, a figura da morte nos é oferecida por Saramago como personagem a protagonizar toda a segunda metade da obra. Após sete meses de protesto, satisfeita com os resultados obtidos, resolveu a morte voltar à normalidade de suas ações, implementando, por novidade, o envio de uma carta que notificava a pessoa, sete dias antes, da data de sua morte.
Assim, encontramos a morte na fiel companhia de sua gadanha executando o trabalho de envelopar os comunicados e os encaminhar aos destinatários, até que “[...] aconteceu que uma carta cor violeta foi devolvida à procedência [...]”, reaparecendo sobre a escrivaninha de onde a morte a enviara. (Cf. p. 135). Após outras duas tentativas sem sucesso de envio, de verificar em seus arquivos que as informações sobre o destinatário eram procedentes e de consultar os manuais que, seguindo suas orientações, ela jamais havia falhado até então, a morte incumbe à gadanha das postagens das fúnebres correspondências futuras, para, assumindo uma imagem de mulher, conhecer aquele que, inexplicavelmente, fugia-lhe ao comando.
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